terça-feira, 30 de novembro de 2010

COLOMBO, UMA TRETA!

Antes de Cristóvão Colombo já os Vikings tinham chegado por mar ao continente norte-americano. No ano 1000 (quinhentos anos antes do genovês) Leif Ericson, de ascendência norueguesa, partindo das colónias estabelecidas na Groenlândia rumou para sul em busca de novas terras com clima mais ameno, tendo chegado às costas do nordeste do actual Canada. Aí foram estabelecidas as primeiras colónias europeias em solo americano. O nome dado a essa terra foi Vinland.


Mapa pré-colombiano com a indicação de Vinland (clicar para ampliar)

Vinland Saga pelos Leaves' Eyes

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

CIDADE MARAVILHOSA

Eu amo a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Foi nela que eu pisei pela primeira vez solo brasileiro. Foi nela que o Brasil me acolheu nos seus braços.

A sua geologia é fascinante. Adoro passear-me nas ruas e avenidas do Castelo (o Centro) entre a Praça XV e a Avenida Rio Branco (o contraste dos edifícios clássicos com os modernos faz-me sentir como se estivesse na saudosa Europa). Subir ao Pão de Açúcar e desfrutar da maravilhosa vista tanto para o lado do oceano como para a Baía de Guanabara, é uma experiência que não se esquece jamais.

Mas o Rio de Janeiro não é uma cidade bonita e muito longe de ser maravilhosa. O Rio é muito mais que Copacabana, Ipanema, o Pão de Açúcar e o Redentor. É uma cidade imensa que se estende por infindáveis bairros feios e paupérrimos, de barracos sem reboco amontoados como vespeiros. Basta olhar para qualquer favela ou bairro de periferia para entender que, à semelhança do resto do pais, esta é uma cidade de profundas desigualdades e injustiça social.

Procurei aleatoriamente na net algumas imagens de bairros da desfavorecida Zona Norte do Rio. Aquela para a qual (segundo os seus moradores) até o Cristo do Corcovado volta as costas (a estátua está voltada de braços abertos para a Zona Sul, rica por excelência). São as imagens que nenhum operador turístico ou promotor oficial mostra. Como já uma brasileira me disse: são as imagens do Rio que ninguém mostra ao resto do país.

Mangueira

Jacarezinho

Vigário Geral

Madureira (não importa se os postes ainda estão lá ou não)

Manguinhos

Pavuna

Jardim América

Complexo da Maré

A esperança

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RETOMANDO

Acção dos traficantes tentando retardar a intervenção policial

Quando as autoridades oficiais afirmam que estão retomando território aos traficantes isso revela incúria. O desleixo com que o regime trata as questões sociais.

Não se acredite que com o sucesso de algumas operações policiais de repressão o problema do tráfico fica resolvido, pois não fica de modo nenhum. O poder que o tráfico atingiu no Rio de Janeiro e um pouco por todo o Brasil, é a consequência do infame desleixo com que a classe política sempre abordou as questões de justiça social.

Justiça Social, Educação e Cidadania. Três questões fundamentais que a sociedade brasileira ainda não aprendeu, nem entendeu a verdadeira necessidade delas para construir uma nação saudável e socialmente pacífica.

Blindados da Marinha chegando em auxílio das forças policiais

Tomando posições

Traficantes foragidos chegando ao Complexo do Alemão em busca de refúgio

É isto uma cidade entregue ao desleixo, preparando-se para receber grandes eventos desportivos mundiais.

Será que se não fosse a proximidade do Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 teria havido uma intervenção tão enérgica das autoridades? Eu quero acreditar, com toda a minha ingenuidade, que sim.

Mas... Acções destas não eliminam o problema! Apenas desmantelam alguma organização e disseminam o mal para outras regiões.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

QUEM SOU EU?

Quem sou eu? Sou macho? Sou fêmea? Ou algo in-between?

Serei a vontade, o desejo ou a ânsia de ser? A fera ou o anjo?

Ou dia, ou a noite? A razão ou o instinto? As raízes da Terra se erguendo em astúcia e engenho. O sonho de construir o ser na ambição de se superar até ao que é altíssimo.

Eu sou o solo, a vida, o engenho... o instinto sobrevivendo tenaz, pela temperança indómita de não querer dominar mais que a minha expressão sem limites. A criança escondida nos gestos amadurecidos pelo tempo, que a experiência modela em inocência. A forma adoptada dum paradigma sem nexo de tão abusado. Depravadamente depravado.

Sou a verdade nua do mito sem mistério. O ultraje da natureza sem grades. O sermão orgânico dum ritual despropositado. Ave aprisionada fora da gaiola. Mártir de mim mesma, sem motivos para redenção. O caçador e a presa, na dança sedutora da morte de quem se liberta na identidade canalha dos sem nome.

Masculino útero corrompendo as normas da existência. F’rida que kalo na angústia de nunca ter espiado os males do mundo que nem se moveu, atónito (ou apático?) perante a urgência da minha demora.


Nota: Este texto é a minha participação para o desafio de blogagem colectiva “Minha Ideia é meu Pincel” lançado pela amiga Glorinha L de Lion do Café com Bolo, inspirado no quadro “Auto Retrato” de Frida Kahlo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

TRÊS GRANDES

Três grandes nomes da cultura portuguesa contemporânea (séc XX) numa peça só.

A canção tem o título de "Quando Um Homem Quiser"

Ary dos Santos (o saudoso poeta da resistência anti-fascista, José Carlos Ary dos Santos) escreveu o poema. Fernando Tordo compôs a melodia. Paulo de Carvalho deu aqui a voz.

Nota: o vídeo tem apenas som e uma foto actual de Paulo de Carvalho.


Quando Um Homem Quiser


Tu que dormes a noite na calçada de relento

Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento

Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento

És meu irmão amigo

És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme

Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume

E sofres o Natal da solidão sem um queixume

És meu irmão amigo

És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

É quando um homem quiser

Natal é quando nasce uma vida a amanhecer

Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar

Tu que inventas bonecas e comboios de luar

E mentes ao teu filho por não os poderes comprar

És meu irmão amigo

És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei

Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei

Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei

És meu irmão amigo

És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

É quando um homem quiser

Natal é quando nasce uma vida a amanhecer

Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ORDEM E ESPERANÇA

No passado fim de semana de 13 a 15 estive em Garanhuns ao para assistir às comemorações dos 110 anos do Colégio 15 de Novembro. No Sábado (dia 13) decorreu o desfile com que a instituição brindou a cidade. Do magnífico cortejo faziam parte duas bandas marciais; a dos ex-alunos do colégio e a convidada Banda Francisco Madeiros de outra escola da localidade. Sem desmerecer da execução dos residentes, estes jovens da banda convidada deram um testemunho de espectáculo e primor. Foram soberbos na apresentação e muito aplaudidos ao longo de todo o percurso, pela população que acorreu em massa para assistir ao evento.

Terminadas as festividades os jovens da banda convidada reuniram-se na esplanada de convívio da escola, onde os mandaram esperar por um lanche. Incumbi-me de providenciar os bolos e refrigerantes como me haviam pedido. Chegado com a merenda pedi-lhes que juntassem umas mesas no centro do recinto onde dispusemos os tabuleiros e garrafas. Em seguida deixei-os, para ir dedicar a minha atenção a outros afazeres, tendo-lhes anunciado:

- Isto é o vosso lanche! Bolos e refrigerantes.

Fui descansado e satisfeito com os sorrisos de alegria que a moçada apresentou perante a oferta. Mais tarde voltei com mais outro tabuleiro de bolos e... espanto meu: estavam todos sentados em volta da mesa com os bolos e refrigerantes tal qual como eu havia deixado, tudo intocado.

- Então não comeram ainda? – perguntei confuso. Afinal aqueles jovens tinham desfilado toda a tarde debaixo dum sol abrasador e estariam famintos. Porque não comeriam? A resposta deixou-me completamente atónito:

- Estamos esperando ordem para comer.

- !!! Não seja por isso!- apressei-me a responder – Ordem está dada. Podeis comer!

Explosão de alegria, com urras e vivas! Cantaram “Parabéns” ao colégio aniversariante e passaram a comer e beber ordenadamente.

Ilações?!... Cada um que tire as suas. Eu fiquei agradavelmente surpreendido com o comportamento ordeiro e disciplinado de jovens que não se deixam deslumbrar pelo sucesso e sabem manter-se íntegros e respeitáveis (porque são respeitadores). Foi um prazer muito grande conviver, mesmo que por tão escassos momentos, com jovens assim.

Afinal ainda há esperança!

PS: Para os interessados, podem assistir a uma outra apresentação da mesma banda aqui.

sábado, 20 de novembro de 2010

CONSCIÊNCIA NEGRA

Comemora-se hoje (20 de Novembro) o Dia da Consciência Negra (seja lá o que isso for), no Brasil.

Se alguém se lembrasse de comemorar o Dia da Consciência Branca (ou Ariana) depressa apareceriam vozes acusando de ser um branqueamento para Dia do Orgulho Branco (ou Ariano). Todos se insurgiriam com um ressurgimento nazi e estalaria no ar o infame libelo: RACISMO!

Para mim, Dia da Consciência Negra não passa de Dia do Orgulho Negro e dum racismo politicamente correcto!


Aparte (para os que ainda não perceberam): eu sou branco e o meu namorado é negro

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

LES DANSEUSES BLEUES

Azul... o sonho, a pausa, a dança, a vida. O devaneio de querer ir além, alcançar as espirais superiores do ser.

Juventude... o anseio duma perfeição nunca alcançada. A intangibilidade duma felicidade que corre despercebida; tão intensa quanto fugaz. A busca dum delírio; mais quimera que paraíso. A beleza que se escapa nas pregas e meandros dum percurso sempre cego, feito duma cadeia de ininterruptos presentes; descontínuos na sua continuidade incompreendida. A vaidade duma película que Cronos reclamará em rugas e chagas dum percurso sofrido.

As ninfas... (e os faunos?). A pureza falsa, disfarçando a corruptibilidade duma glória encenada. O palco lustroso esquecendo as misérias da existência. A esperança dum idílio que nunca chega a maturidade; sempre meio-caminho de coisa nenhuma. A falsa promessa.

A glória do quase.



Nota: Este texto é a minha participação para o desafio de blogagem colectiva “Minha Ideia é meu Pincel” lançado pela amiga Glorinha L de Lion do Café com Bolo, inspirado no quadro “Les Danseuses Bleues” de Edgar Degas

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

REGRESSO

Regressando do interior

Após alguns dias no Agreste pernambucano, na chamada Cidade das Flores (Garanhuns) estou de volta. Desculpem a ausência não anunciada, mas estive sem acesso à internet. Agora é entrar nos eixos e amanhã teremos mais um desafio da blogagem colectiva proposta pela Glorinha L de Lion. Vamos ver o que conseguirei preparar em menos de 24 horas.
Posso dizer que foi uma estadia muito agradável, embora com muito trabalho (não, não foram férias de repouso; muito pelo contrário). Adiante falarei de alguns episódios da estadia e das minhas impressões de viagem.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CASCATA (THE WATERFALL)

Que sei eu?

O nevoeiro esconde um mundo que nunca está lá. O verde duma esperança que não existe.

Eu quero a liberdade do que é selvagem e intocado.

Reencontro-me num mundo vazio de gente, nos abismos de mim, envolto em névoas que o tempo vai desvanecendo em ilusões e falsas suspeitas.

A água que se precipita em cascata mas nunca cai em parte nenhuma.

O rio da vida, imparável, jorra do alto. Não lhe sei a fonte, mas sei que vem de além, muito além.

Eu quero as montanhas altas, inexpugnáveis como a serenidade dos Sábios, que nunca conheci na vida.

Eu quero a exaltação do desapego no fascínio de me afundar em mim. Total! Completo! Marcado pelas falésias rugosas; chagas do Tempo.

Eu sou uma criatura urbana de planície.


Nota: Este texto é a minha participação para o desafio de blogagem colectiva “Minha Ideia é meu Pincel” lançado pela amiga Glorinha L de Lion do Café com Bolo, inspirado no quadro “The Waterfall” de Georgia O’Keefe.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

ZEPPELIN

Escadas, altíssimas, para construir um zeppelin

Todos sabem o que foram os zeppelins. Espero bem que saibam! Mas talvez muito poucos se tenham dado ao trabalho de idealizar como seriam construídas essas imensas estruturas voadoras que chegavam a ultrapassar os 200 metros de comprimento. Pois é, escadas. Escadas e andaimes, tudo muito periclitante, para construir esses levíssimos monstros voadores.

Cruzavam regularmente o Atlântico nas décadas de 20 e 30 do século XX, ligando a Europa aos continentes Americanos, Norte e Sul.

Zeppelin sobrevoando Recife

Devido à sua configuração os zeppelins não aterravam, eles atracavam em torres fabricadas propositadamente para o efeito. A única torre ainda existente em sua forma original situa-se na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil.

Torre de atracação do campo de Jiquiá, Recife

domingo, 7 de novembro de 2010

PESCANDO EM ALTO MAR

A minha homenagem aos homens do mar, especialmente aos pescadores, que arriscam as suas vidas para nos proporcionar o prazer desse saudável e nutritivo alimento.










E quem não gosta de peixe é alguém que não está preparado para saber apreciar as dádivas da vida.


"Existem três tipos de homens, os mortos, os vivos e os que andam no mar." Platão

sábado, 6 de novembro de 2010

SILÊNCIO

Depois dos confrontos e das canseiras convém fazer uma pausa. Manter o recato e sentir o maravilhoso perfume do silêncio.

Depois da tareia convém repousar o corpo e alentar a alma.

Depois da refrega convém parar e reflectir.

Depois dos flagelos do Sol convém o recolhimento da Noite. O reencontro com a Fonte.

É o que estou fazendo; parar para respirar! Voltarei de imediato.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

GARDEN ROSE

Perdido na cidade... neurótica, anacrónica. Atafulhado de ansiedades paranóicas dum viver labiríntico que não leva a parte nenhuma, eu sou um produto urbano duma modernidade construída de ilusões vãs, desconstrutoras do ser humano que deveria germinar em cada um. Sou o resto (ZERO) dum sistema exploratório esclavagista branqueado em consumismo carrasco.

Na claustrofobia da cidade dos homens eu busco os moinhos que os ventos já desprezaram, os coretos onde mais nenhuma nota musical restou, os lares vazios de entes e afagos. Os sorrisos são esgares vesgos reflectidos em espelhos baços que mostram mais sombras que formas.

Mesmo assim eu continuo, jardineiro persistindo no encantamento torpe dum acreditar pueril que a harmonia ainda é possível.

A fantasia dum jardim florido, onde das rosas apenas restam os espinhos.

A visão turva das coisas que estão lá mas não queremos ver.


Nota: Este texto é a minha participação para o desafio de blogagem colectiva “Minha Ideia é meu Pincel” lançado pela amiga Glorinha L de Lion do Café com Bolo, inspirado no quadro “The Rose Garden” e Paul Klee.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

MU

Andava vagueando pelo Tumblr quando topei com a imagem acima. Os alarmes soaram – melhor; berraram! – todos. Mas com a minha incomensuravelmente imensa ignorância do japonês, fiquei “burro olhando para palácio”. Percebi que seria um mapa de algum continente que provavelmente teria existido no Pacífico. Mas qual?

Como sempre remeti-me ao meu lema: desde que tenhamos uma questão haveremos de encontrar a resposta. E fiquei esperando.

E esperei.

Enquanto esperamos... descobri, ao saltar de blog em blog, um sítio que falava dum costume dos japoneses oferecerem esparguete em lindas embalagens preparadas propositadamente para o efeito. Fiquei seduzido pelos relatos ilustrados e simpáticos dos usos e costumes japoneses. Marquei e passei a visitar com regularidade. O blog é o Lost in Japan do Alexandre Mauj.

Já estão a perceber o que depois acabei fazendo. Exacto! Ao descobrir o contacto do Alexandre pedi-lhe que ele me ajudasse a decifrar do que se tratava o mapa.

“Mu”, foi a resposta imediata.

Meu! O email ainda nem tinha arrefecido os motores da viagem até ao Japão e já estava de regresso com a resposta! Gente boa, o Alexandre!

Pois é! Afinal eu tinha a resposta, mas faltava apenas ligar as peças do puzzle. Mu é um continente mítico, tal como a Atlântida, que teria existido no Pacífico e onde ficaria Lemuria.

Munido dessa informação parti em busca de mais elementos em torno do caso e descobri o mapa mostrado abaixo, onde se pode ver um mar interior cortando o norte da América do Sul, na região onde hoje se situa a bacia hidrográfica do Amazonas e que ligava os dois oceanos: Atlântico e Pacífico. Seria através dessa via que se processariam os contactos entre as duas civilizações míticas: a Atlante e a Lemuriana.

Segundo relatos, que a sacrossanta Ciência não corrobora, ambos os continentes terão desaparecido sob as águas dos respectivos oceanos em que se situavam.