segunda-feira, 29 de outubro de 2012

BANDEIRAS DO BRASIL


Ao longo da sua história, desde colónia até nação independente foram várias as bandeiras que o Brasil conheceu como símbolo da sua unidade territorial e política.

A listagem que a seguir se descreve é baseada nas bandeiras reconhecidas oficialmente e honradas pelo Exército Brasileiro, como se pode verificar na foto acima. Foi após uma visita ao Forte do Brum, no Recife, que me ocorreu a ideia para esta mostragem, ao ver as 13 bandeiras lá expostas em lugar de honra no salão nobre.

A primeira bandeira que o Brasil conheceu arvorada em solo, foi a da Ordem de Cristo, patrocinadora das navegações portuguesas à época. As naus da frota de Pedro Álvares Cabral, tal como todas as naus portuguesas, ostentavam  nas suas velas a cruz símbolo da rica e poderosa ordem.

A primeira bandeira oficial do Brasil foi a utilizada por D. Manuel I, que sobrepunha à cruz da Ordem de Cristo o Brasão de Aramas de Portugal. Esta bandeira esteve presente em todos os eventos principais da expansão do novo território e do estabelecimento do Governo Geral da Bahia, embora o estandarte da Ordem de Cristo continuasse a ser relevante nos cerimoniais e missões de exploração e colonização.
Na crise da sucessão, criada pela morte prematura de D. Sebastião, foi adoptada nova bandeira para Portugal, que foi respeitada por algum tempo pelos reis espanhóis, que vieram a tomar o poder da coroa portuguesa.
Com a subida ao trono de D. Filipe I, o Brasil conhece nova bandeira. Atribuída pela Dinastia Filipina às possessões portuguesas além-mar, esta bandeira vigorou de 1616 a 1640. Devido à incúria dos reis espanhóis com os interesses e territórios portugueses, foi sob esta bandeira que o Brasil assistiu às invasões holandesas no nordeste, mas também à continuação da expansão bandeirante.
Em 1640 o Duque D. João de Bragança, lidera a revolta contra a Dinastia Filipina e restaura a independência de Portugal perante a coroa espanhola. É aclamado rei e sobe ao trono como D. João IV, tendo escolhido uma nova bandeira para si. Esta era conhecida como a Bandeira da Restauração. A borda azul é alusiva à consagração da Senhora da Conceição como padroeira e soberana de Portugal.
Em 1645 o rei, D. João IV cria o título de Príncipe do Brasil, para o seu filho herdeiro D. Teodósio. Criou-se também a bandeira para o Principado do Brasil, que foi assim a primeira bandeira atribuída exclusivamente à designação politica e territorial brasileira. Esta bandeira vigorou até 1816, simultaneamente com as outras bandeiras régias nacionais que a ela se sobrepunham em representatividade de soberania.



Com a subida ao trono de D. Pedro II em 1683, o Brasil conhece mais uma bandeira. O Estandarte Real de D. Pedro II, foi a primeira bandeira de fundo verde a ondular sobre o território brasileiro. Foi ela que presidiu ao auge das expedições bandeirantes.
Ao longo do século XVII e início do XVIII foi também usada a bandeira real, junto com a do principado e outros estandartes reais. Tal deve-se a uma herança feudal absolutista de associar os símbolos da nação ao monarca reinante, pelo que não havia a definição de uma bandeira única para as nações. O símbolo da nação era o seu brasão de armas que fazia parte de todas as bandeiras, estandartes ou jaques.
Com a vinda da corte para o Brasil é estabelecido o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, tendo sido consagrada bandeira em 1816. Nela o Reino do Brasil é representado pela esfera armilar em fundo azul.
Depois da guerra civil portuguesa e com a instauração do regime constitucional, Portugal conhece outra bandeira, que viria a ser bandeira nacional até ao fim do regime monárquico. Esta bandeira teve curto período de permanência nos céus do Brasil, pois logo D. Pedro declara a independência.



 Com a independência declarada por D. Pedro I, é adoptada a Bandeira do Império, onde aparecem símbolos e cores comuns aos estandartes reais dos Braganças.
Após a instauração da república, a 15 de Novembro de 1889, o Brasil conheceu uma bandeira provisória por 4 dias, inspirada na bandeira dos Estados Unidos da América do Norte.
Com decreto de 19 de Novembro de 1889, foi instituída a Bandeira da República Federativa do Brasil, baseada na Bandeira do Império.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A DANÇA DE PEDRA DO CAMALEÃO



Ricardo Pinto escreveu uma trilogia, que alguns tentam enquadrar no género fantástico, outros no de ficção-científica, mas que para o autor não se inscreve em nenhuma categoria específica. “A Dança de Pedra do Camaleão” é uma alegoria crua e desabrida do mundo em que vivemos, com todas as suas decadentes grandezas e agonizantes misérias. É também a história da auto-descoberta dum jovem e do seu papel num mundo, que ele rejeita ao perceber o seu lugar nele.

Com todos os ingredientes dum grande épico, “A Dança de Pedra do Camaleão” é uma epopeia arrebatadora que nos transporta, através duma escrita requintada e envolvente, por um mundo transbordante de emoções.

Volume I: “Os Escolhidos”; volume II: “Os Guardiães dos Mortos”; volume III: “O Terceiro Deus”.

Estes livros eu os levarei sempre comigo. Minha leitura favorita de sempre e em qualquer momento.

Pena que não haja nenhuma edição no mercado brasileiro.



Ricardo Pinto

domingo, 7 de outubro de 2012

LIVROS



Recolhi este curto inquérito do blog do Bratz (inquérito que ele respondeu com soberba mestria e apresentando verdadeiros tesouros da nossa cultura ocidental)(*). Agradado com a temática proponho-me aqui responder ao meu modo e, como não sou dessas correntes, deixo livre a oportunidade a quem queira candidatar-se à revelação das suas opiniões literárias.

Como disse acima, irei responder ao meu modo, o que significa que não me restringirei às regras do meme.

1 – Existe um livro que eu leria muitas vezes sem me cansar? Qual?
Há sempre um livro que gostamos de reler. No meu caso existem vários que gosto de voltar a visitar. Neste momento o que me ocorre é “Memorias de Adriano” de Marguerite Yourcenar. Uma biografia ficcionada do Imperador Adriano, narrado na primeira pessoa. Um exemplar testemunho na escrita erudita, mas agradável, da autora de muitas obras de referencia. Outro livro que durante muitos anos revisitei, em busca de reflexões e porque não em busca dum conselho paternal, foi “De Profundis – Epistula in Cárcere” de Óscar Wilde. Volume que durante anos conservei na minha cabeceira, até ao dia em que o ofereci à minha sobrinha, num gesto simbólico, como passagem de testemunho. Companheiro sempre desejável é “Tao, O Caminho do Meio” de Lao-Tze, por razões tão óbvias que nem as referirei.

2 – Se eu pudesse escolher apenas um livro para o resto da minha vida, qual escolheria?!
Ah! Mas isso é maldade... Apenas um?! Ora vejamos... Não irei repetir os da resposta anterior, embora os incluísse na lista sem hesitação, tal como o faria com o livro da resposta seguinte. Entre “Maurice” de E.M. Forster, “Memórias de uma Máscara” de Yukio Mishima,  escolho “101 Histórias Zen”.
Mas o livro que levaria para uma ilha deserta seria “O Livro em Branco", junto com um lápis para ir rabiscando.

3 – Indique um livro para que outros possam ler.
Pensando em todos, tanto nos aficionados pelos prazeres da leitura como nos que nem tanto assim, optei por indicar um livro de contos, pois são profundos, acessíveis na narrativa e curtos para não enfadar os mais ansiosos: “Contos Completos de Óscar Wilde”.

Comum aos três itens é a trilogia “A Dança de Pedra do Camaleão” de Ricardo Pinto, que recomendo vivamente. É uma assombrosa metáfora do nosso mundo e dos nossos governantes. Para onde quer que eu for esses três livros irão sempre comigo.

(*) Mau grado o esforço ultra-chauvinista de muitos, a cultura americana não deixa de ser uma sub-cultura derivada do grande veio cultural ocidental-europeu. Tanto na sua vertente religiosa cristã, quanto na sua vertente filosófica laica.